Há ungidos do Senhor hoje?



A prática da unção do corpo com óleo era algo muito comum na cultura do Antigo testamento, muito presente em duas práticas: a unção para proteção da pele em um ambiente muito seco e ensolarado, e também a unção com óleo, juntamente com substancias aromáticas, para compensar a falta dos banhos, que ocorriam com menor frequência devido a falta de água doce (Rute 3:3; 2 Sam. 12:20; Dan. 10:3).

Ao ler Êxodo 30:22-25 somos informados que o ato de ungir o corpo com óleo ganha uma designação especial dentro da liturgia de Israel: separar pessoas e utensílios para um serviço especial. Esse ato era tão santo, que o texto fornece a receita deste óleo, que, aliás, só poderia ser usado para este fim específico. 

Observamos também este ato de ungir com óleo presente na vida dos primeiros reis de Israel (Saul, Davi, e Salomão), contudo, com o declínio da monarquia em Israel simplesmente não observamos tal ato nos reinos que se sucederam após a divisão dos reinos de Israel e Judá. É na unção de Eliseu, um profeta e não um rei, que o uso da unção retorna na narrativa bíblica, seguida de nova — e definitiva — ausência.

Mais adiante na narrativa bíblia, mediante escritos de profetas como Isaías e Daniel, o assunto sobre unção retorna mas de uma forma diferente. A ideia agora é que um "ungido especial" surja com um reino vitorioso e perpétuo, e como sabemos mais adiante, tal expectativa deste líder finalmente se torna real quando Jesus é chamado de o Cristo, o Ungido — agora não mais ungido com óleo, mas com o Espírito Santo de Deus (Lucas 4:18).

É justamente a partir desse raciocínio acima que surge a resposta para nossa pergunta neste texto: há ungidos do Senhor hoje? 

Sim, há ungidos do Senhor hoje, e sua abrangência — contrastando no que acontecia na velha aliança — é garantida devido ao sacrifício de Jesus na cruz e sua glorificação, pois foi dessa maneira que dali em breve o Espírito Santo, e não mais o óleo da unção, seria derramado sobre dota a igreja de Jesus, naquele marcante evento descrito em Atos dos Apóstolos no dia de pentecostes. Contribuindo com esta visão, em sua primeira carta geral, o apóstolo João nos assegura de forma clara que  temos a "unção que vem do Santo" e que esta unção foi devidamente entregue por Jesus a nós (1 Jo. 2:20;27), afastando definitivamente ideias erradas, ensinadas ainda hoje, como as de que unções com óleo, ou mesmo de pessoas ungidas com uma "unção ministerial especial" são uma realidade para a igreja hoje.



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