Qual o sentido de "frio", "quente", e "morno" no texto de Apocalipse referente a igreja de Laodiceia?


Um dos textos populares do livro de Apocalipse, que é bastante conhecido, mas muitas vezes mal compreendido é a passagem onde a sétima igreja é descrita

"Conheço as obras que você realiza, que você não é nem frio nem quente. Quem dera você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, e não é nem quente nem frio, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca." (Apocalipse 3:15-16)

Mas afinal, qual o sentido mais provável para o uso de "quente", "frio", e "morno" nessa passagem? Para essa tarefa, a arqueologia tem disponibilizado algumas informações relevantes que faziam parte do cotidiano desta cidade localizada na Ásia Menor.

A arqueologia explicou sobre o fornecimento de água na cidade de Laodiceia. Sabe-se que a cidade não possuia suas próprias reservas de água. A cidade  dependia de águas que vinha por aquedutos, tanto das correntes frias próximas da cidade de Colossos como das fontes termais quentes próximas de outra cidade, chamada Hierápolis. A arqueologia mostra que em muitas oportunidades esse suprimento de água chegava até Laodiceia terrivelmente morna, ou seja, inútil para consumo.

João, fazendo o uso dessa imagem vívida no cotidiano da população local, convoca a Igreja ali a não se parecer com o seu suprimento de água, mas para ter uma propriedade refrescante (ser frio) ou um calor terapêutico (ser quente). A visão comum de que "frio" aqui significa ser "claramente oposto ao evangelho" ou "completamente insensível ao Espírito Santo", e que "quente" deva ser interpretado como "desempenho espiritual elevado", é com quase toda a certeza o exato oposto do que João quis dizer! Portanto ser "morno", nessa passagem, teria mais o sentido de ser "totalmente inútil". 

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