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A Páscoa nas duas grandes alianças da Bíblia

Antiga Aliança

O calendário religioso de Israel, na antiga aliança, começou com a Páscoa, o dia reservado para comemorar a libertação do Egito. Ocorrendo na primavera, este dia singular era acompanhado pela celebração de uma semana conhecida como a Festa dos Pães Asmos, durante a qual todos os homens eram obrigados a fazer uma peregrinação ao santuário e oferecer as primícias da colheita de cevada.

“O Senhor disse a Moisés: Diga o seguinte aos israelitas: “Quando vocês entrarem na terra que dou a vocês e fizerem colheita, tragam ao sacerdote um feixe do primeiro cereal que colherem. O sacerdote erguerá o feixe diante do Senhor para que seja aceito em favor de vocês; ele o moverá no dia seguinte ao sábado. No dia em que moverem o feixe, vocês oferecerão um holocausto ao Senhor, um cordeiro de um ano e sem defeito. Apresentem também uma oferta de cereal de dois décimos de efa da melhor farinha amassada com azeite, oferta preparada no fogo para o Senhor, de aroma agradável, e uma oferta derramada de um quarto de him de vinho. Vocês não poderão comer pão algum, nem grãos torrados, nem cereal novo, até o dia em que trouxerem essa oferta ao Deus de vocês. Este é um estatuto perpétuo para as suas gerações, onde quer que morarem.” (Lv 23.9-14).

Israel observava a Páscoa com rituais que reencenavam a noite em que o Senhor poupou os israelitas no Egito. Um cordeiro era morto, e o seu sangue colocado nos batentes das portas das casas e no Altar de Bronze do santuário.

O cordeiro era assado e servido com pão asmo e ervas amargas, enquanto os participantes — vestidos com roupas de viagem — ouviam a releitura da história do êxodo. Eles não deveriam ter fermento em qualquer lugar entre eles, nem realizar trabalho no primeiro e último dias da festa e nem deixar de levar ofertas ao santuário.

O Senhor falou com Moisés no deserto do Sinai, no primeiro mês do segundo ano depois que o povo saiu do Egito. Ele disse: Os israelitas devem celebrar a Páscoa no tempo determinado. 3Celebrem‑na no tempo determinado, ao pôr do sol do décimo quarto dia deste mês, de acordo com todos os seus estatutos e ordenanças. Então, Moisés ordenou aos israelitas que celebrassem a Páscoa; 5eles a celebraram no deserto do Sinai ao pôr do sol do décimo quarto dia do primeiro mês. Os israelitas fizeram tudo conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés. (Números 9.1-5)

Na tarde do décimo quarto dia do mês, enquanto estavam acampados em Gilgal, os israelitas celebraram a Páscoa nas planícies de Jericó. 11No dia seguinte ao da Páscoa, eles comeram pães sem fermento e grãos de trigo tostados, produtos daquela terra.” (Josué 5:10-11)

Nova Aliança

Já os cristãos primitivos, dentro do contexto da Nova Aliança em Cristo, associaram a morte de Jesus com a do cordeiro pascal, encorajados pelos comentários de Jesus na Última Ceia (descrita pelos Evangelhos Sinóticos como uma refeição pascal).

“Livrem‑se do fermento velho para que vocês sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois Cristo, o nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado. 8Por isso, celebremos a festa, nem com o fermento velho nem com o fermento da maldade e da perversidade, mas com os pães sem fermento, os pães da sinceridade e da verdade.” (1 Coríntios 5:7-8)

“No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, os discípulos dirigiram‑se a Jesus e lhe perguntaram: ― Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa para comeres? Ele respondeu: ― Entrem na cidade, procurem certo homem e digam‑lhe: “O Mestre diz: ‘O meu tempo está próximo. Vou celebrar a Páscoa com os meus discípulos na sua casa’ ”. Os discípulos fizeram como Jesus os havia instruído e prepararam a Páscoa. Ao anoitecer, Jesus estava reclinado à mesa com os Doze. Enquanto comiam, ele disse: ― Em verdade lhes digo que um de vocês me trairá. Eles ficaram muito tristes e começaram a dizer‑lhe, um após outro: ― Com certeza, não sou eu, Senhor! Jesus afirmou: ― Aquele que comeu comigo do mesmo prato há de me trair. O Filho do homem irá, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! Melhor seria que não houvesse nascido. Então, Judas, que o trairia, disse: ― Com certeza, não sou eu, Rabi! Jesus afirmou: ― Foi você quem disse isso. Enquanto comiam, Jesus pegou o pão, deu graças, partiu‑o e o deu aos discípulos, dizendo: ― Peguem e comam; isto é o meu corpo. Em seguida, pegou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: ― Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos para perdão de pecados. Eu lhes digo que, de agora em diante, não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo com vocês no reino do meu Pai. Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.” (Mateus 26.17-30)

Claramente vemos que Jesus quis enfatizar que, assim como a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos lembravam o povo de Deus da sua libertação (Êxodo) e provisão, os seus seguidores encontrariam nEle verdadeira liberdade (o novo Êxodo) e plena provisão.